Avaliação da Situação em Emergências Médicas a Bordo
A atuação de um comissário de bordo durante uma emergência médica é crucial para garantir a segurança e o bem-estar dos passageiros. A avaliação inicial é um passo fundamental que deve ser realizado com eficiência e calma, utilizando o protocolo “ABC” e outras técnicas que ajudam a identificar rapidamente a gravidade da situação.
1. Primeira Abordagem: O Protocolo “ABC”
A primeira abordagem deve ser estruturada em torno do protocolo “ABC”, que se refere a:
1.1. A – Airway (Vias Aéreas)
Verificação: É essencial garantir que as vias aéreas do passageiro estejam desobstruídas. Isso pode ser feito inclinando a cabeça do passageiro levemente para trás e elevando o queixo. Caso o passageiro esteja consciente, pode-se orientá-lo a tossir para tentar desobstruir.
O que fazer: Se as vias aéreas estiverem bloqueadas por um corpo estranho, é necessário realizar a manobra de Heimlich (compressões abdominais) em caso de obstrução total. Para obstrução parcial, encorajar a tosse.
1.2. B – Breathing (Respiração)
Verificação: Após assegurar que as vias aéreas estão desobstruídas, deve-se verificar se a pessoa está respirando adequadamente. Isso pode ser feito observando o movimento do peito e ouvindo a respiração.
O que fazer: Se a respiração estiver irregular ou se houver falta de ar, administrar oxigênio utilizando a máscara disponível a bordo. Se não houver respiração, iniciar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
1.3. C – Circulation (Circulação)
Verificação: Avalie os sinais de circulação, como a cor da pele e o pulso. O pulso pode ser verificado no punho ou no pescoço.
O que fazer: Se não houver pulso, iniciar as compressões torácicas (RCP) imediatamente. Se houver pulso, mas a pessoa estiver inconsciente, colocar em posição lateral de segurança.
2. Consciência e Nível de Alerta
A avaliação do nível de consciência da vítima é essencial para determinar a gravidade do quadro. Utilize a escala AVPU:
- A – Alerta (Alert): A pessoa está alerta e responde às perguntas? Continue a conversar com ela e anotar qualquer resposta.
- V – Responde a voz (Verbal): A pessoa responde apenas quando falada? Verifique se consegue abrir os olhos ou mover-se.
- P – Responde a estímulos dolorosos (Pain): Se a pessoa apenas reage ao sentir dor, aplique um leve estímulo físico, como apertar a mão, para verificar a reação.
- U – Inconsciente (Unresponsive): Se a pessoa não responde a nenhum estímulo, priorize a manutenção das vias aéreas e inicie a RCP se necessário.
3. Sinais Vitais: Respiração, Pulso e Temperatura
Para uma avaliação mais detalhada, é fundamental verificar os sinais vitais:
3.1. Respiração
O que verificar: Observe se a pessoa está respirando rapidamente (taquipneia) ou lentamente (bradipneia). Avalie se há dificuldade para respirar, e se os músculos do pescoço estão tensionados.
O que fazer: Se necessário, administre oxigênio. Caso a respiração esteja muito comprometida, prepare-se para realizar a RCP.
3.2. Pulso
Verificação: Avalie o pulso no punho (pulso radial) ou no pescoço (artéria carótida). Um pulso forte e regular indica boa circulação.
O que fazer: Um pulso fraco ou irregular pode indicar choque ou problemas cardíacos. Se não houver pulso, inicie a RCP.
3.3. Temperatura Corporal
Verificação: A temperatura da pele pode indicar o estado de saúde e a circulação. Verifique se a pele está fria, quente ou úmida.
O que fazer: Uma pele fria pode indicar choque, enquanto a pele quente e seca pode sugerir uma condição febril. Mantenha a pessoa aquecida, se necessário.
4. Verificação de Sangramentos e Ferimentos Visíveis
Identificar sangramentos ou lesões é crucial:
4.1. Sangramentos
Verificação: Observe áreas do corpo onde o sangue pode estar visível ou oculto. Verifique se há hemorragias externas ou sinais de hemorragias internas (como inchaço).
O que fazer: Se houver sangramento, aplique pressão no local com um pano limpo ou compressa. Se o sangramento for intenso, eleve a parte do corpo afetada.
4.2. Fraturas ou Entorses
Verificação: Busque sinais de ossos quebrados ou deslocados. Isso pode incluir dor intensa, inchaço ou deformidades visíveis.
O que fazer: Se suspeitar de fratura, imobilize a área afetada com um talas ou materiais disponíveis. Evite movimentar a vítima desnecessariamente.
5. História Médica Rápida: Técnica SAMPLE
Utilize a técnica SAMPLE para identificar rapidamente o histórico médico:
- S – Sinais e Sintomas: Pergunte o que a pessoa está sentindo no momento e se há dores específicas.
- A – Alergias: Pergunte se a pessoa tem alguma alergia conhecida a medicamentos ou alimentos.
- M – Medicamentos: Verifique se a pessoa está tomando algum medicamento regularmente, pois isso pode afetar o tratamento.
- P – Histórico Médico: Pergunte se a pessoa tem alguma condição de saúde pré-existente que deve ser considerada, como diabetes ou doenças cardíacas.
- L – Última Ingestão: Pergunte quando foi a última vez que a pessoa comeu ou bebeu algo, o que pode ser relevante em caso de necessidade de cirurgia.
- E – Eventos que levaram ao incidente: Pergunte o que a pessoa estava fazendo antes de começar a se sentir mal para entender melhor a situação.
6. Comunicação com a Equipe
A comunicação com a equipe de cabine e com médicos ou enfermeiros a bordo é vital:
- Informe imediatamente a equipe sobre a situação de emergência.
- Prepare-se para fornecer informações sobre a condição da vítima e os cuidados já realizados.
- Caso haja médicos a bordo, forneça o máximo de informações possível para que eles possam auxiliar no atendimento.
7. Registro e Relato dos Sintomas
Registrar as condições da pessoa e os cuidados prestados é crucial para a continuidade do atendimento:
- Anote todos os procedimentos realizados, os sinais vitais verificados e qualquer resposta da vítima.
- Isso ajudará os profissionais de saúde que atenderão a pessoa ao desembarcar.
Explique em detalhes como você realizaria o protocolo ABC durante uma emergência médica a bordo, destacando quais sinais específicos você buscaria identificar em cada etapa.
Ao avaliar o nível de consciência de um passageiro, qual seria a sua abordagem ao utilizar a escala AVPU e como cada nível da escala influenciaria suas próximas ações?
Durante a avaliação de sinais vitais, quais seriam os sinais mais alarmantes que indicariam a necessidade imediata de ressuscitação cardiopulmonar (RCP)? Explique seu raciocínio.
Se você identificasse uma hemorragia grave em um passageiro, quais técnicas de controle de sangramento aplicaria e por que elevar a parte afetada do corpo pode ser importante nesses casos?
Como você utilizaria a técnica SAMPLE para coletar informações de um passageiro inconsciente? Quais alternativas estariam disponíveis se o passageiro não pudesse responder?
Descreva como você organizaria a comunicação entre a equipe de cabine e possíveis profissionais de saúde a bordo durante uma emergência médica, incluindo as informações mais relevantes que você forneceria.
Em um cenário onde um passageiro apresenta sinais de fratura, qual seria o processo de imobilização adequado a bordo e por que é importante evitar mover a vítima?